17 janeiro 2014

Tirando os sapatos

Acabei de ler o livro Tirando os sapatos do rabino Nilton Bonder e suas palavras me trouxeram reflexões instigantes. Primeiro, preciso dizer que não sou judia e conheço muito pouco dessa religião, mas me impressionou a abertura que este autor tinha e sua capacidade de se colocar no lugar do outro, de sair da sua zona de conforto e verdadeiramente enxergar o outro. Enfim, sua capacidade de tirar os sapatos e pisar o chão da experiência sem preconceitos, sem a forma a que nos adaptamos tão bem. Reproduzo aqui um pequeno trecho e deixo como sugestão de reflexão nesta sexta-feira ensolarada.


“Habituamo-nos a determinados padrões e condutas que se tornam nosso sapato. E é com ele que caminhamos pela vida. Tal como a realidade que precisa ser vista por trás de lentes e véus, porque é abrasiva demais para a consciência humana, o sapato representa a proteção indispensável entre o ser e seu meio. Nesse processo, há uma importante interação entre os pés e o sapato. Este nos protege pela sola, mas para que cada passo seja confortável ao pé e para que ele não se despegue é preciso que o corpo do sapato vá se ajustando à nossa forma.

O chão, no entanto, é o pavimento da vida e ele não se ajusta à nossa pisada. De tanto em tanto, temos que retirar o sapato e tocar o solo com a planta do pé. Encontramos então sob ela uma superfície irregular e desconfortável que pode até nos ferir. Mas esta será uma experiência singela de libertação e expansão. Sentir o chão é reencontrar a vida.

(...) A descoberta final de todo peregrino, de todo andarilho que caminha para si mesmo, é que somos fundamentalistas. Esses fundamentos são os sapatos com os quais caminhamos pela vida. Embora úteis, não deixam de ser uma superfície artificial que nos isola do solo vivo. Sair da constrição destes fundamentos nos faz conhecer o alívio e a possibilidade de expansão. E aí, muito além da proteção e do conforto do sapato, podemos conhecer o que é essencial”.


Just some food for thought! Bom fim de semana!

4 comentários:

  1. Esse livro deve ser mesmo muito bom, sair da nossa zona de conforto é mesmo dificil para qualquer um. Boa comparação essa que ele fez. Temos mesmo que andar descalços um cadim de vez em quando. Não conhecia esse livro, boa dica.
    Beijos
    Adriana

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  2. Não conheço o livro, mas pelo trecho que vc reproduziu aqui, parece excelente. Iniciou uma grande reflexão por aqui...
    Beijo

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  3. Engraçado, só conhecia a expressão " se colocar nos sapatos dos outros" e nunca tirar os sapatos. Neste caso não é bem se colocar na pele dos outros, mas tirar a nossa carapaça de defesa, sairmos do nosso pequeno mundo quotidiano, corrermos riscos, fazermos descobertas. Bonito texto, Rosa. Bom resto de fim de semana!

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  4. ...e o essencial está sempre invisível se não tocarmos o chão duro e áspero e nos atentarmos à realidade que nem sempre é confortável, mas necessária para nosso amadurecimento diário... Amadurecimento nem sempre feliz, mas que nos torna livres para enfrentar tudo que é preciso...

    Beijos beijos

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