Andrés Salvador aguarda a maré
baixa e põe-se a trabalhar. Com um rastelo, cria desenhos incríveis na areia.
Desenhos gigantes, para serem olhados do céu ou de muito longe. Ele tem poucas
horas para concluir seu trabalho, pois quando a maré subir, tudo será
destruído. Mas Andrés não parece se importar com isso. Continua recriando sua
arte e emocionando as pessoas com a beleza que provém dela. Ele lida bem com a
impermanência.
Impermanência. Palavra grande que
provoca grandes sentimentos, especialmente medo. Medo do que virá depois, medo
da finitude, medo do imprevisível. Porque em algum ponto da nossa evolução,
passamos a ser seres que apreciam o controle; precisamos saber o que acontecerá
amanhã, e depois, e depois. Precisamos viver como se fôssemos estar aqui para
sempre mesmo sabendo que tudo pode acabar em um piscar de olhos. Tudo porque
não conseguimos lidar com a impermanência das coisas, inclusive da própria
vida.
Mas esta palavra assustadora
também é capaz de produzir sentimentos positivos. Aceitá-la e incorporá-la como
parte da existência pode nos tornar mais atentos e gratos. Se tenho consciência
de que os momentos que compartilho com as pessoas são únicos, vou estar mais
presente em cada experiência. Se contemplo a possibilidade de um relacionamento
importante se findar, vou estar atenta à necessidade de nutri-lo. Se percebo
que existe um tempo que me foi dado para estar aqui, e que este tempo não é
infinito, vou me esforçar para não disperdiçá-lo. Se consigo identificar cada
dia como uma oportunidade única de crescimento, vou permanecer em estado de
gratidão constante.
A impermanência (com o perdão do
trocadilho) permanece, o que muda é nossa forma de vivenciá-la. Andrés Salvador
tem a coragem de olhá-la nos olhos todos os dias. Sim, é preciso coragem para
encarar a falta de perenidade da vida. E com isso conquistamos uma outra
palavra grande em todos os sentidos: maturidade.
Fotos: andresamador.net
Lindo Rosa... adorei o texto e as imagens!! =)
ResponderExcluirBeijos e boa semana!
Oi Rosa Paula,
ResponderExcluirTudo bem?
Lindo o post, as imagens na areia também.
Se a maré destruir, tem outro dia.
Se deixarmos de fazer as coisas, pensando que não será eterno, vamos perder ótimo momentos!
bjs
Ótima segunda e semana!
Essa iniciativa, fez-me lembrar dos desenhos em Nasca, Peru.
ResponderExcluirLindo seu post, Rosa, e os desenhos são um verdadeiro espetáculo! Beijo
ResponderExcluirOlá Rosa,
ResponderExcluirLindo e tocante, a beleza dos desenhos faz com que o sentimento de perda seja ainda maior. Talvez para o artista o valioso não é a obra, que sabe irá durar algumas horas, mas o "criar", e isso se renova sempre, a inspiração é permanente por mais impermanente que seja a obra.
Beijos
Excelente reflexão! Nota 1000!
ResponderExcluirBonita reflexão, Rosa.
ResponderExcluirDe há uns anos a esta parte venho me dando cada vez mais conta, de que nada nem ninguém é eterno. Tudo é breve, passageiro e efémero. Bj e boa semana!