02 abril 2014

Perder-se também é caminho

Algumas pessoas sabem desde pequenas o que querem fazer da vida. Parece que já nascem prontas. Não me refiro apenas àqueles que, aos quatro anos de idade, dizem que vão ser médicos e, de fato, se tornam médicos, mas a todos aqueles para quem parece que a vida flui fácil e segue o rumo que eles determinaram. Aqueles que não têm dúvida sobre o vestibular, ou sobre casar, ou ter filhos, ou aceitar um emprego. Tudo parece parte da ordem natural das coisas.



Preciso confessar que esse tipo de gente me assusta. Obviamente sei que ninguém é cheio de certeza o tempo inteiro, mas o fato é que alguns carregam bem mais certezas que outros. Eu sou do time que carrega menos. E ainda digo mais: eu gosto dessa condição. A falta de certeza, para mim, não se traduz em falta de confiança, firmeza ou estabilidade. A despeito dela, ou talvez por causa dela, continuo tomando decisões e seguindo rumos inesperados na vida.

Vou mudar de país e a pergunta recorrente é: É pra sempre? Diante dessa pergunta me vejo pensando: pra sempre é tanto, tanto tempo! Como posso saber, como ter certeza? Mas ainda assim me mudo. Ainda assim me caso, estudo, canto, escrevo, arrisco. Acho que no fundo me identifico com a incerteza. Tê-la como companheira de jornada me dá alento.

Fui verificar e um dos sinônimos de certeza é infalibilidade. Talvez esteja aí o x da questão. Eu não tenho fantasias de infalibilidade. Sou fã desse processo em que seguimos e erramos, reconhecemos e voltamos, ou pegamos um atalho que vai dar inesperadamente no lado oposto. Não gosto de caminhos pré-definidos. Amo mesmo é a frase de Clarice Lispector: perder-se também é caminho.

Agora, senta aqui e me conta, como é tudo isso para você?


9 comentários:

  1. A gente fica mais forte quando erra, isso é fato, quando se decepciona e tudo mais.
    Me fiz a mesma pergunta ao mudar pra fora e só depois de 5 anos que aceitei que seria pra sempre.
    Fiquei assustada com a mudança e me adaptar foi extremamente difícil, ainda mais com uma gravidez nesse caminho, que mesmo planejada, piorou a pressão porque raciocinava pelo método da infalibilidade. Hoje, agradeço muitos por ter me perdido e sou tão feliz aqui.
    Desejo este mesmo sentimento pra você nessa nova fase, ou escolha? Quem sabe?
    E um pouquinho de sorte também sempre é bom.

    Abraços! ♥

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  2. Oi Rosa,
    Adoro seus textos... eles são preenchidos de sutilezas para pensar.
    Acho que o bom da vida são as incertezas que carregam surpresas... essa é graça - mesmo que às vezes as surpresas sejam desagradáveis, masssssssss assim é a vida.
    Beijos,

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  3. Olá Rosa. Gostei (mais uma vez) do seu texto que leva a uma reflexão. "Para sempre" e "nunca mais" são termos que evito usar. São definitivos demais, e nós não controlamos o amanhã. Ainda ontem escrevi à minha filha. De repente tudo mudou para ela nos EUA, onde está, e eu escrevi-lhe dizendo-lhe que na vida, por vezes é preciso dois passos para trás, para finalmente se avançar um.
    Ou seja, ela se perdeu no caminho que traçou e que pensava garantido, mas vai se achar numa nova etapa, num novo rumo. Bjs!

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  4. Oi Rosa, gostei muito de seu texto. Obrigada por sua visita e te convido a voltar sempre ao meu cantinho.
    Bjos, Mari.

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  5. Rosa, Querida
    Adoro seus textos...sabe mas ando tão cansada de ficar perdida!
    Eu sou uma capricorniana acostumada com as certezas, e agora tô muito perdida!
    Um novo movimento, um novo caminho.
    Você é linda.
    Beijos.

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  6. Oi querida! Que texto lindo! Nao só concordo como me identifico com vc e com suas palavras... tbm sou uma pessoa de poucas certezas.... e nao pretendo deixar de ser.... faz parte da vida, da minha pelo menos, nao ter certezas... e isso dá uma leveza e fluidez que nao quero nunca deixar de ter.

    Parabens pelo lindo texto e pelo espaço!
    Beijao
    Cela

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  7. Olá Rosa,
    adorei seu texto e seu blog...voltarei sempre!!!
    Obrigada pela visita!
    Um beijo

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  8. Oi, Rosa, todos os grandes momentos de minha vida aconteceram. Não consigo fazer planos, nem de curta duração. Quando falo que meus 2 filhos aconteceram, as pessoas acham estranho. Vou seguindo a corrente da vida, tentando aproveitar as oportunidades e dou sim muita cabeçada, talvez se me dedicasse a avaliar muito mais não errasse tanto, mas tenho dúvidas se aprenderia tanto também. É como a história da foto, se a gente para e fotografa, talvez a gente deixe de curtir o momento. Mas, cada um, cada um, né? bjs

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  9. Oi Rosa Paula,
    Minha vida não segue essa ordem natural das coisas, até por que eu adoro mudanças, não tenho muito medo delas.
    Beijos

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