Um dos
paradoxos da nossa existência é buscar singularidade enquanto parte
da normalidade. Todos queremos ser únicos e reconhecidos na nossa
individualidade, mas, se algo destoa da curva normal, buscamos logo
uma solução para voltar ao padrão, de preferência em forma de
pílula. Que seja rápido, indolor e não me faça pensar muito no
assunto! E seguimos nosso caminho nos equilibrando entre esses dois
eixos. Para alguns, esta é uma conciliação viável; para outros, é
um jogo tão difícil que é preciso optar por um dos lados. E então
somos reduzidos a duas possibilidades: ou escolhemos viver à margem
da sociedade e carregamos conosco a resiliência necessária a essa
alternativa, ou encaixamos nossos sonhos dentro das engrenagens da
normalidade.
A
normalidade - esse conceito abstrato com o qual podemos nos
identificar ou nos afogar - traz como sinônimo a sanidade, outro
conceito abstrato mas que geralmente possui limites mais bem
delineados em nossa percepção. Diferentemente da normalidade,
pode-se dizer que todos buscamos sanidade em maior ou menor medida.
Apenas desconfie quando a sanidade dói. Não importa se o seu normal
foi ser médica, casar e ter dois filhos (necessariamente nessa
ordem) ou foi morar por três meses em cada lugar do mundo, construir
casas para desabrigados e vender orgânicos na feira (não
necessariamente nesta ordem). Os quadrados de cada um têm perímetros
diferentes, limites mais ou menos permeáveis, fronteiras mais ou
menos elásticas. Mas quando se afastar desse centro é
aterrorizante, pode acender o sinal de alerta. Desconfie quando a
sanidade dói. Se está doendo, tem algo errado. Mas em vez de tomar
anestésico, tome consciência.
Ótimo texto! E afinal de contas o que é normal para um, pode ser "anormal" para outro, ou ilógico.
ResponderExcluirTambém desconfio de vidas perfeitas: elas não existem!
Bjs
Boa reflexão! Muito interessante.
ResponderExcluirExcelente! E a parte de tomar "consciência" em vez de "anestésico" é mesmo assertiva:)
ResponderExcluirBj
Importante - para mim! - é ser fiel a mim própria e ao frete dizer não! É um luxo! Um luxo caro, bem sei!
ResponderExcluirGostei muito do texto que me assenta - ao meu percurso de vida ... - como uma luva.
Obrigada pelo momento de reflexão.
Beijo
lindo, Rosa! teus textos sempre levam a ótimas reflexões! e adoro compartilhar!
ResponderExcluirbjos
Amei sua reflexão! <3
ResponderExcluirTe confesso que não entendo o porquê da dificuldade em se "desprogramar" da vida linear que não existe nem em sonho - digo isso, em pleno ano 2015, quando já estamos carecas de saber que a vida, de linear, não tem nada. E quando a gente toma coragem e se torna mais livre, leve e solto, somos no mínimo incompreendidos. Mas que é uma delícia, isso é... :)
Um beijo, flor!
Alice
www.jardimdocoracao.com.br
Olá Rosa, nunca utilizo a palavra normal, ou pelo menos evito. Prefiro dizer "comum". Porque a normalidade não existe. O que é banal para alguém e comum, pode ser completamente extraordinário para os outros. Nunca me preocupei em ser comum. E por isso sou muitas vezes olhada de lado ou criticada, pela família. Mas uma das coisas que a idade nos dá é o seguinte: tranquilidade para dizer, que se danem os outros! Seu texto está maravilhoso, e a última frase pode se tornar "palavras inspiradoras", e se escrever nas paredes, em almofadas, num quadro. Bj, bom feriado.
ResponderExcluirAcho que o importante é realmente termos consciência do que se passa conosco, ainda que seja só aturdimento e estranheza, rsrs. A questão da normalidade é complexa e a gente muitas vezes tem de desconfiar dela também. Mas eu não soube disso sempre, rsrs. Boa reflexão!
ResponderExcluirUm beijo