03 novembro 2015

Inspiração para a semana - sobre o tempo e pertencimento

Por aqui a semana traz o um começo mais literal de inverno. Clima frio, céu nublado e introspecção. O final de ano se aproxima e com ele a fase mais difícil de se estar no hemisfério norte, pelo menos para mim. Sim, há muitas tradições e momentos bonitos relativos ao inverno e ao Natal  mas a minha alma brasileira não digere bem final de ano atrelado a frio e chuva. Parece que metade da graça de tudo isso me é roubada por esse climinha nhé.


Outro dia recebi uma mensagem que me chamou a atenção sobre um distúrbio que afeta as pessoas nesta época do ano e que recebeu o "sugestivo" nome de SAD - triste, em inglês -  seasonal affective disorder. Saber que este distúrbio de fato existe teve um efeito engraçado sobre mim. De repente, a sensação me pareceu exagerada e desproporcional, fruto de uma sociedade que está voltada o tempo todo para fora, e que não suporta bem silêncios, recolhimento, estar só. E só depois me dei conta que eu era parte dessa sociedade que sentia winter blues, parte daquela parcela que sente o recolhimento como um peso e não como uma oportunidade.


Eu não considero que eu tenha SAD, mas o fato de saber que existe um nome para o que eu estou sentindo e que existem outras pessoas passando pelo mesmo traz um certo alento, um sentido de pertencimento e normalidade. Independente do tamanho e particularidade do nosso drama, existe uma verdade: você não está sozinho. e, se desejar, há quem esteja disposto a compartilhar de tudo isso. Aliás, não apenas disposto, mas ansioso por encontrar outros com quem possa se identificar. O silêncio, muitas vezes, torna-se um inimigo pior do que a própria dor.


É claro que essa mudança de perspectiva não me transformou em uma outra pessoa da noite para o dia. Saber é apenas o primeiro passo, mas sinto que essa ideia tem sido internalizada aos poucos: a oportunidade para estar mais comigo, ouvir meus desejos, sonhos, escritos, devaneios, gritos, medos. A oportunidade de calar fora e ouvir dentro. A oportunidade de criar encontros mais significativos, menos ruidosos mas mais profundos. Apenas decidi que eu não vou sofrer de SAD. Eu quero extrair o melhor de cada oportunidade que a vida dá. E se é para olhar para dentro que ela nos lança, que seja de olhos bem abertos. Feliz semana!



* Imagens das minhas andanças. Veja mais no Instagram

11 comentários:

  1. Oi Paula!
    Eu já conhecia o SAD, e acredito que não é algo inventado e que realmente acomete muitas pessoas nessa época do ano. Que bom que você descobriu e pode refletir sobre o assunto nesse momento e quando o período natalino chegar.

    Eu sempre senti que o natal agregava sentimentos tristes e não entendia porque, até descobrir a tal SAD. Enfim, estar consigo mesma é ótimo! Acredito que você seja uma ótima companhia e por isso, deve querer desfrutar de uma boa companhia. Isso faz bem!

    :**

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  2. Paula
    Imagino que deve dá esta sensação mesmo no final de ano... Muito bom saber que vc vai pasar por ela e tirar o bom proveito e a melhor maneira disso tudo. Se o sentimento existe, talvez se puder mudar o foco para outras coisas, possa ser menos doloroso. Espero que possamos ajudar nessa fase instrospectiva , apoiando e mostrando que mesmo no ocaso se tem luz.

    Bjokas e uma boa semana,
    http://www.dmulheres.com.br/

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  3. Oi Rosa,
    Eu sempre idealizei o Natal na Europa como algo glorioso e não triste. Aqui, suando ao lado de uma ceia de Natal com pratos quentes, num clima de 40 ºC, sempre me senti tão desafortunada por estar no Brasil. Pela primeira vez vejo o outro lado da moeda e que as festas por aí podem não ser tão mágicas assim.
    Bjs

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  4. Oi, Rosa Paula,

    As alterações psíquicas que acontecem no inverno são conhecidas há muito tempo. Já até li um livro de um psicólogo brasileiro (pois é, brasileiro, rsrs) que trata delas. Parece que a coisa é ampla, e tem várias causas, principalmente as alterações cerebrais decorrentes da ausência da luz solar. Mas tem a ver também com o frio, dias escuros e com com o sentimento de desolação que muita gente sente nessa época.
    No que se refere ao isolamento, penso que eu não cairia em tristeza, só por isso, já que aprecio a solidão que me permite fazer coisas como - ler - por exemplo. Mas há as outras questões, né? rsrs. Diante disso a gente conclui que o fato de morarmos num país sem inverno rigoroso tem o seu lado benéfico, rsrs. Amei as fotos deste post!

    Um beijo

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  5. Rosa,

    Até a gente aqui em Curitiba começa a ficar melancólico quando o inverno é mais rigoroso... e nossa realidade nem se compara com o inverno na Europa!
    Acontece mesmo! Já tive um amigo finlandês que sempre comentava sobre essa depressão (e lá ainda tem a falta de luz do sol no inverno, que deixa a situação bem mais difícil). E também atendi um casal de brasileiros que têm a vida na Noruega dividida com o Brasil e eles diziam a mesma coisa... que lá é lindo, mas muito triste.
    Essa primeira foto do post é a coisa mais linda!

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  6. Final de ano é assim mesmo, em todos os locais do mundo. Deve ser um pouco mais complicado em um clima frio. Mas mesmo no calor do Ceará sinto a mesma sensação de tristeza e introspecção nessa época. Junta tudo, mês do meu aniversário e festas do final ano. Então já viu como eu devo ficar mais calada ainda que sou! rsrs... Mas o bom é descobrir que não estou só nessa. :)
    Beijos
    Adriana
    Ps.: Amei as fotos!

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  7. Oi Rosa, sentimentos são sentimentos, com nome ou não. Em época de tristeza, me calei por muito tempo e só aumentava a agonia que apertava o meu peito. Enquanto não coloquei pra fora o que me sufocava, não resolvi as crises de tristeza.
    Como você bem disse - "O silêncio, muitas vezes, torna-se um inimigo pior do que a própria dor."
    O silêncio fez adoecer meu corpo, minha cabeça não atinava mais com nada. Se tivesse colocado pra fora o que me machucava, não teria me agredido e adoecido.
    Estou aprendendo a não me machucar mais, falo, escrevo e o que é muito grande, torna-se um minúsculo grão. Ao compartilhar nossa dor, percebemos que existem tantas dores semelhantes,
    que somos absolutamente normais, não há com que se preocupar.
    Acredito que isso é ser humano, com sentimentos e emoções.
    Amei seu texto, agradeço, abraços carinhosos
    Maria Teresa

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  8. Eu percebo perfeitamente isso. Não sabia o nome mas sabia que existia a condição, e até nem tao particular - este tempo (ou mudança de tempo) tem os seus efeitos físicos e psicológicos em pessoas debilitadas (ou não, até) num dos sentidos. Acho que deve ser fácil ver a chuva, o frio, tudo relacionado e ficar triste, até pelo significado que lhes atribuímos, mas nunca me aconteceu, só porque não presto muita atenção. Sabe tão bem estar com um cobertor a ver televisão enquanto chove :D Só vejo a previsão do tempo para não ir correr e ficar doente com alguma tempestade :P

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  9. Oi Rosa!! Agradeço a vc pelo carinho e visita!
    Quanto ao frio, graças a Deus, essa época do ano que mais gosto de produzir e tempo ocupar meu tempo fazendo artesanato. Mas confesso que aqui na Alemnaha muitos reclamam quando o tempo começa a esfriar e outros dão até nome de "tempo triste".
    Abraços

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  10. Olá Rosa, conhecia a condição da tristeza e depressão ligadas à falta de luz (sol e céu azul) e ao frio. Nunca partilhei dessa tristeza, talvez por morar num país, em que apesar dos pesares, o inverno tem muitos dias claros e bonitos. Mas agora, lendo seu texto, dou-me conta que gosto do clima frio (bem mais do que do verão) justamente porque aprecio a minha companhia. Gosto de estar sozinha embrenhada nos meus pensamentos e nos meus hobbies. Isso nunca foi um problema para mim. Beijo, seu texto está lindo, de uma sensibilidade extrema.

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  11. Pra tudo há escolhas, se a gente se entregar ficar triste, ficaremos mesmo! Ainda mais no frio onde ficamos mais recolhidos em casa e sem aquele entra e sai de gente, família perto, nada disso. Bate saudades de várias coisas, mas é bola pra frente, o importante é ver o que se tem de bom por perto como o nosso lar, amor, internet pra ler blogs legais e dar aquela geral na casa! rs Um beijo!

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