03 fevereiro 2016

Pare e respire #17: Uma breve história da humanidade

Estamos acostumados à ideia de sermos a única espécie humana sobre a Terra, mas há 100.000 anos (um piscar de olhos em termos de evolução) existiam cerca de 6 espécies de homo no planeta, todos tão humanos como eu e você. Nós não fomos, como a maioria de nós pensa, evoluindo de homo erectus ou homo neanderthalensis até o homo sapiens. Nós somos diferentes espécies de um mesmo gênero, como há hoje diversas raças de cachorros. Inclusive há descobertas que apontam que há pessoas que carregam DNA neandertal por aí! Essas e outras ideias estão no livro Sapiens: Uma breve história da humanidade de Yuval Noah Harari. Fiquei fascinada com as perspectivas apresentadas por ele para a nossa espécie! Segundo o autor (doutor por Oxford e professor na Universidade de Jerusalém) a ideia de que o homo sapiens é o ápice do desenvolvimento é uma grande falácia.  É intrigante pensar o mundo sob esta ótica! Que planeta teríamos se todas essas espécies tivessem sobrevivido aos dias atuais?

Um outro aspecto interessante que pode ser essencial para entender nossa história e nossa psicologia é que até bem pouco tempo os humanos estiveram em um posição intermediária na cadeia alimentar e somente nos últimos 100 mil anos (como eu disse, um piscar de olhos em termos evolutivos) passou para o topo. 


"Esse salto espetacular do meio para o topo teve enormes consequências. Outros animais no topo da pirâmide, como os leões e os tubarões, evoluíram para essa posição gradualmente, ao longo de milhões de anos. Isso permitiu que o ecossistema desenvolvesse formas de compensação e equilíbrio que impediam que leões e tubarões causassem destruição em excesso. À medida que os leões se tornavam mais ferozes, a evolução fez as gazelas correrem mais rápido, as hienas cooperarem melhor e os rinocerontes serem mais mal-humorados. Diferentemente, a humanidade ascendeu ao topo tão rapidamente que o ecossistema não teve tempo de se ajustar. Além disso, os próprios humanos não conseguiram se ajustar. A maior parte dos grandes predadores do planeta são criaturas grandiosas. Milhões de anos de supremacia os encheram de confiança em si mesmo. O sapiens, diferentemente, está mais para um ditador de república das bananas. Tendo sido até tão pouco tempo atrás um dos oprimidos das savanas, somos tomados por medos e ansiedades quanto à nossa posição, o que nos torna duplamente cruéis e perigosos. Muitas calamidades históricas, de guerras mortais a catástrofes ecológicas, resultaram desse salto apressado." (p.20)

Gosto de textos que colocam as coisas sob novas perspectivas, que me fazem questionar. É interessante pensar que o planeta, e a nossa própria existência, poderia ter tomado rumos completamente diferentes. Gosto desse dedo apontado sobre a nossa suposta superioridade, nos mostrando que o nosso lugar nada mais é do que parte do todo e, em especial, absolutamente transitório. Em termos individuais podemos até ter um grande respeito pela natureza e por tudo que nos cerca, mas coletivamente andamos por aí como se fôssemos o ápice da civilização, com uma estrelinha escrito "superior" pregada no peito, submetendo todos os outros - os não-humanos - à nossa forma de conceber as coisas. É de se pensar até onde essa arrogância irá nos levar...

Por outro lado, é fascinante perceber o quanto crescemos, mudamos e transformamos o mundo. Talvez nossa inteligência e capacidade possa salvar-nos de nós mesmos e possamos (re)encontrar um equilíbrio que nos permita desenvolvimento sem destruição. A palavra sustentável entrou na moda e ficou tão gasta que parece causar até repulsa em algumas pessoas, mas ainda a vejo como a única possibilidade para que a nossa passagem por aqui não se torne também história como as outras espécies de humanos que por aqui estiveram. 







10 comentários:

  1. Inspirador o seu texto, Rosa!

    Eu concordo com o autor do livro, e com sua opinião pessoal. Nós somos uma espécie relativamente nova, mas avançamos tão rápido na evolução que nossa prepotência pode nos levar a lugares desconhecidos e não muito favoráveis.

    A natureza sempre encontra um meio. E o ecossistema pode não ter se adaptado a nós completamente, mas vem procurando formas de nos usar contra nós mesmos. O câncer, os tsunamis, terremotos, enchentes, secas, até a zyca...tudo isso é controle populacional, e se essa é a forma que o meio ambiente encontrou pra buscar o seu equilíbrio, assim será.

    Espero mesmo que a raça humana (atual) tenha acordado para a realidade e que sustentabilidade não seja apenas uma palavra batida, mas uma atitude incorporada aos nossos sentimentos, para que tenhamos amor ao cuidado com o meio ambiente, pois, como você disse, somos parte do todo.

    :*

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  2. Oi Rosa, interessantíssima essa reflexão. A gente está acostumado a pensar e agir como se fóssemos eternos e invencíveis. Ledo engano. Também espero sinceramente que nossa inteligência e capacidade de sobrevivência nos ajude a prosperar em equilíbrio com as demais espécies!

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  3. Que engraçado ler seu texto agora, porque tive uma consulta médica hoje e fiquei pensando em como as pessoas simplesmente sobreviveram para eu chegar até aqui do jeito que estou, enfrentaram as mais loucas adversidades e simplesmente conseguiram. Porque eles não tinham medicina especializada, mas o corpo se restitui, se auto preserva, se recupera. Somos uma ~máquina~ muito incrivelmente composta, né?


    Beijos
    Brilho de Aluguel

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  4. Oi Rosa,
    Ainda não li este livro. meu marido está lendo "Uma Breve História do Cristianismo" e gostando muito. Gostei do enfoque que ele dá.
    Bjs

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  5. Oi, Rosa Paula,

    Esta visão da espécie humana é nova para mim. Mas ela combina mais com a minha intuição de que não descendemos de seres como macacos ou outros, rsrs. Eu sou fã desse tipo de leitura, que registra um ponto de vista diferente do consagrado pelo senso comum. Quanto à pretensa superioridade do homem, acho que ainda chegaremos a uma compreensão mais justa do nosso papel, com relação aos demais seres com os quais dividimos o planeta.

    Um beijo e - desde já - bom fim de semana!

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  6. Olha só, toda vez que a gatinha da vizinha chega e me cerca pedindo colo. Eu tenho que parar o que estou fazendo e atendê-la. Como um bebê ela dorme no meu colo, entregue totalmente e quando acorda, ainda fica uns minutos me fitando. Nestes curtos momentos eu me pergunto muitas coisas. Penso na minha condição humana e na condição "animal" daquele bichinho que dorme inocente no meu colo. O que aproxima dois seres totalmente diferentes? O que me faz acreditar de que ela não vai me arranhar e nela de saber que zelo o seu sono? É nestes momentos que é claro que estamos no mesmo barco, que somos um pequeno grão de areia, porém cabe a nós nos darmos conta de nossa própria fragilidade se não tivermos consciência de nossas ações. Se nos voltarmos contra o ecossistema, ele vai dar um jeito de se livrar de nós. Rs

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  7. Às vezes também fico a pensar nisso, principalmente a imaginar o que ainda possa acontecer...

    Quanto ao comentário, respondi lá no blog.
    Beijinho

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  8. Realmente é uma perspetiva interessante (e perspetivas interessantes nunca são de mais). Na verdade, por podermos fazê-lo vemo-nos como seres especiais, mas não deixamos de ser parte da natureza (com todo o mal e bem que isso traz) :)

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  9. Oi, Rosa, curiosa com esse livro. É bom mesmo termos contato com outras formas de enxergar, na verdade acho que estamos num momento crucial e fundamental pra isso! Beijo e boa semana

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