08 novembro 2016

Beleza compartilhada

Estive viajando pelo norte da Itália com a família e vi muitas belezas por lá. Como disse uma amiga, a Itália nunca decepciona! Na verdade, conheço várias pessoas que não gostam do país - reclamam da bagunça, da sujeira, etc - mas, para mim, é sempre um deleite. Compartilhei um pouco do que vi no Instagram (passa lá para dar um oi!), mas hoje quero falar de um detalhe mais fortuito que eu mesma não havia percebido em outras viagens: as floriculturas italianas. Não sei se é porque tenho uma amiga florista que acabou de montar sua nova loja, mas meu olhar foi atraído diversas vezes para as floriculturas que encontrei no caminho. O estilo por lá é bem over the top, aquela coisa "mais é mais" que pode ficar um pouco cansativo em uma casa, mas funciona muito bem para uma loja. Acredito que por uma questão de espaço mesmo, as floriculturas usam a calçada, a fachada e até parte da rua como vitrine. Vão pendurando coisas em todo e qualquer suporte que encontram pela frente: caixotes de vinho, cavaletes, escadas de madeira, poltronas de vime, bancos de concreto, luminárias... a imaginação é o limite. Fiquei bem encantada com esse delírio visual!


De longe, aquele amontoado aparentemente caótico de plantas e objetos já chama a atenção, traz vida para a rua e para a cidade. De perto, parece um convite para entrar em um mundo à la Alice no país das maravilhas, irreal e divertido, onírico e colorido. 


Mas o que mais me chamou a atenção foi o que acontecia fora do horário comercial: em vez de guardar tudo dentro da loja todos os dias, as flores e objetos simplesmente são deixadas do lado de fora, arranjadas de tal modo a deixar a porta da loja inacessível. A única coisa que guardavam eram as tabuletas com os preços. Todos os arranjos e seus suportes permaneciam do lado de fora, compartilhando sua beleza com a cidade mesmo quando não estavam sendo vendidos. Imagino que esta ideia surgiu por uma questão de praticidade. Afinal, imagina o trabalho que seria guardar e pendurar de novo todas essas coisas todos os dias! Mas me encantei com a poesia que havia no gesto, com a beleza que permanece ali exposta sem proteção. 


Não havia correntes, vigias ou câmeras. Esta é uma realidade quase impalpável para nós brasileiros. E fico me perguntando o que seria preciso para que conseguíssemos alcançá-la. Claro que a resposta passa por intrincadas questões históricas, políticas e sociais, mas ainda assim fico pensando se, dada uma oportunidade, conseguiríamos responder da mesma forma. Conseguiríamos apreciar a grandeza de compartilhar algo em comunidade, cuidar como se fosse de todos, sem a necessidade de alimentar um ciclo de medo ou posse? Ingenuidade minha, talvez, acreditar que sim. Mas ainda prefiro conservar essa ingenuidade.  









7 comentários:

  1. Rosa, eu não sei já teve a oportunidade de andar por vilarejos na França, mas as floriculturas também funcionam da mesma forma...eu fiquei encantada! Tem a sua beleza à parte, sim! Bjs

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  2. Que lindo, Rosa!
    Linda a floricultura, o mix de coisas e cores e o gesto. Essa confiança de deixar lá do lado de fora e voltar no dia seguinte para continuar a vender...realmente, soa como utopia para o Brasil...infelizmente.

    Se saberíamos aproveitar? Nossa, que sabe em algumas centenas de anos, quando evoluirmos e renovarmos todas as coisas erradas ensinadas ao nosso povo e que permanecem ultrapassando gerações!

    :*

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  3. Imagens lindas Rosa... e o mais bacana é saber que essa beleza toda pode ser deixada do lado de fora o tempo todo. =)
    Bjs,

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  4. Ainda bem que partilha, porque as imagens são lindissimas:)
    Beijinho, Manuela

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  5. Olá Rosa, também eu sou atraída pelas lojas de flores cujos produtos transbordam pela calçada afora...É um espetáculo de cores que enche os olhos dos passantes. Só nunca me tinha apercebido dessa modalidade de deixar as flores do lado de fora quando a loja fecha, continuando para o deleite noturno. No nordeste do Brasil ainda acontece outro senão quanto às floriculturas: são todas indoor. O calor é tanto que se as flores não estiverem num local refrigerado, morrem rapidamente. É uma pena, pois logo à partida as pessoas ficam vedadas ao que vc chama de "delírio visual". Beijos!

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  6. Realmente é bonito, o significado e o próprio aspeto das lojas! É incrível como a primeira reação de uma pessoa (pelo menos a minha foi) é 'como é que eles conseguem que ninguém destrua aquilo?!'. É essa a ideia com que uma pessoa fica, a de que há sempre alguém a querer fazer mal só porque sim! E é ótimo que nem sempre isso aconteça :)

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  7. Olá Paula,

    Um encanto de loja, por vender flores já é bonita, com a esmerada decoração ficou maravilhosa e com certeza prende o olhar de quem passa. Também tenho o sonho de um dia o brasil voltar a ser um lugar seguro onde o respeito pelo outro ou por seu patrimonio é uma atitude normal.
    Beijos

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