03 fevereiro 2014

Inspiração para a semana - Impermanência

Andrés Salvador aguarda a maré baixa e põe-se a trabalhar. Com um rastelo, cria desenhos incríveis na areia. Desenhos gigantes, para serem olhados do céu ou de muito longe. Ele tem poucas horas para concluir seu trabalho, pois quando a maré subir, tudo será destruído. Mas Andrés não parece se importar com isso. Continua recriando sua arte e emocionando as pessoas com a beleza que provém dela. Ele lida bem com a impermanência.


Impermanência. Palavra grande que provoca grandes sentimentos, especialmente medo. Medo do que virá depois, medo da finitude, medo do imprevisível. Porque em algum ponto da nossa evolução, passamos a ser seres que apreciam o controle; precisamos saber o que acontecerá amanhã, e depois, e depois. Precisamos viver como se fôssemos estar aqui para sempre mesmo sabendo que tudo pode acabar em um piscar de olhos. Tudo porque não conseguimos lidar com a impermanência das coisas, inclusive da própria vida.



Mas esta palavra assustadora também é capaz de produzir sentimentos positivos. Aceitá-la e incorporá-la como parte da existência pode nos tornar mais atentos e gratos. Se tenho consciência de que os momentos que compartilho com as pessoas são únicos, vou estar mais presente em cada experiência. Se contemplo a possibilidade de um relacionamento importante se findar, vou estar atenta à necessidade de nutri-lo. Se percebo que existe um tempo que me foi dado para estar aqui, e que este tempo não é infinito, vou me esforçar para não disperdiçá-lo. Se consigo identificar cada dia como uma oportunidade única de crescimento, vou permanecer em estado de gratidão constante.



A impermanência (com o perdão do trocadilho) permanece, o que muda é nossa forma de vivenciá-la. Andrés Salvador tem a coragem de olhá-la nos olhos todos os dias. Sim, é preciso coragem para encarar a falta de perenidade da vida. E com isso conquistamos uma outra palavra grande em todos os sentidos: maturidade.   



Fotos: andresamador.net

7 comentários:

  1. Lindo Rosa... adorei o texto e as imagens!! =)
    Beijos e boa semana!

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  2. Oi Rosa Paula,
    Tudo bem?

    Lindo o post, as imagens na areia também.
    Se a maré destruir, tem outro dia.
    Se deixarmos de fazer as coisas, pensando que não será eterno, vamos perder ótimo momentos!

    bjs
    Ótima segunda e semana!

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  3. Essa iniciativa, fez-me lembrar dos desenhos em Nasca, Peru.

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  4. Lindo seu post, Rosa, e os desenhos são um verdadeiro espetáculo! Beijo

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  5. Olá Rosa,

    Lindo e tocante, a beleza dos desenhos faz com que o sentimento de perda seja ainda maior. Talvez para o artista o valioso não é a obra, que sabe irá durar algumas horas, mas o "criar", e isso se renova sempre, a inspiração é permanente por mais impermanente que seja a obra.
    Beijos

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  6. Bonita reflexão, Rosa.
    De há uns anos a esta parte venho me dando cada vez mais conta, de que nada nem ninguém é eterno. Tudo é breve, passageiro e efémero. Bj e boa semana!

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