Viva Brasília

Sou filha dessa terra para onde veio gente de todos os cantos construir sonhos. Essa terra dita sem sotaque por abarcar a mistura de vozes que se mesclam aqui. Entre tantas idas e vindas temos 35 anos de história juntas. Aqui fui recebida neste mundo antes de ser criança em outro lugar. Retornei adolescente com muitas dúvidas sobre a nossa relação. Afoita, parti de novo para retornar mais serena e reencontrá-la num amor maduro. Daquele tipo que sabe que não é qualquer briguinha ou desavença que vai nos separar, daquele tipo que reclama porque te quer bem. Daquele tipo que às vezes até se cansa dessa relação e, exausta que estou, penso em partir outra vez. Mas o olhar forasteiro de quem te conheceu há pouco me detém. Ele me relembra suas qualidades e pouco a pouco me vejo como uma mulher à beira do divórcio que, sem perceber, cai de amores pelo próprio marido outra vez.

E você, sempre paciente e generosa, me acolheu em todas as minhas partidas, voltas e inseguranças. Seu abraço, dizem, não é caloroso, pois seu porte elegante muita vezes a faz passar por distante. Mas ao longo da nossa história aprendi a desvendá-la, a compreender seus sinais únicos, seus indícios de amor e de graça espalhados por suas não-esquinas. 

E no seu aniversário, você, anfitriã meticulosa, nos brinda com sua marca registrada: um dia de céu azul sem nuvens e um pôr-do-sol  que nem as lentes dos mais experimentados fotógrafos conseguem reproduzir em todo seu esplendor. Seus matizes nos impulsionam a olhar para cima mesmo sem querer, encantados pela beleza do espetáculo. Embevecidos, procuramos palavras para descrever este momento e elas nos faltam. Mas se as escontrássemos certamente seriam “amo ser brasiliense de corpo e alma”.