16 março 2015

De que lado você está?

O Brasil acorda hoje de uma maneira diferente e eu, aqui de longe, mas com o coração pertinho, apenas observo.  
Tem gente dizendo que o país finalmente acordou, tem gente comparando com a marcha da "família, com Deus, pela liberdade". Tem gente pedindo impeachment, tem gente pedindo intervenção militar, tem gente arrancando os cabelos, tem gente vendendo camiseta e água e garantindo um bom extra para esse mês.
E depois temos os bastidores, o making of por assim dizer. Temos vozes de ponderação, vozes que levam a uma verdadeira reflexão mesmo que não se concorde com elas mas, infelizmente, elas são minoria. As nuances que colocaram quase dois milhões de pessoas nas ruas incluem não apenas um ou outro confronto com a polícia e xingamentos no meio da rua, mas amigos de longa data trocando insultos reais, famílias discutindo ao ponto de magoarem-se uns aos outros verdadeiramente. O país parece bipolarizado e a pergunta intrínseca a todas as discussões é: de que lado você está?



Para mim, a única resposta possível é "do mesmo lado". Você, que disse que essa é uma marcha elitista; você, que organizou cartazes e distribuiu entre os seus amigos; você, que teve taquicardia ao ver pedidos de intervenção militar e você, que fez esse pedido. Estamos do mesmo lado. Você, que se preocupa que as pessoas estejam sendo manipuladas; você, que não aguenta mais os aumentos de impostos; você, que comparou as pessoas que foram às ruas aos desfiles da SS nazista (sim, eu li isso) e você, que chama um grande amigo de acéfalo por ter votado na atual presidente (sim, eu também li isso). Mesmo lado.

Difícil de acreditar mas, sim, estamos do mesmo lado. Estamos todos em busca de um país melhor, de uma vida digna, de crescimento, de que esse país exerça em sua plenitude o potencial inacreditável que todos sabemos que ele tem. Estamos do mesmo lado em busca de um futuro diferente do que se apresenta agora. Cada um acredita em um caminho diferente, e isso é tão natural quanto a enorme diversidade de pessoas que formam esse imenso e belo caldeirão que é o Brasil.  
 Nestes momentos críticos as paixões afloram, as vozes se exaltam e muitas vezes desatamos laços ou formamos nós que são difíceis de reverter. Talvez uma pitada de ponderação seja o suficiente. Aprender a defender nosso ponto de vista sem agredir o outro pode ser um grande aprendizado. Eu escolho estar do mesmo lado. E repito a frase engraçadinha desses últimos dias que mais me representa: Esquerda, direita? Eu quero é ir pra frente!



12 comentários:

  1. Oi Rosa,
    Seu texto é perfeito! Eu não tinha lido a frase que vc usou no final, mas ela diz muito. Por mim, vou ser bem sincera, eu daria um ponta pé no traseiro da Dilma e tiraria ela de lá, também riscaria do mapa o PT, só que tem um coisa... Quem é que nós vamos colocar lá? Eu não consigo pensar em um político honesto neste país! Falar em político honesto é o mesmo que falar em prostituta virgem!
    Acho que as manifestações tiveram o seu valor, para que quem está no poder saiba que nós estamos conscientes da corrupção e da má (péssima) administração. De tudo isto eu espero que os comandantes da nação parem para pensar que nós não vamos aguentar e podemos sim voltarmos contra eles!
    Bjs

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  2. Perfeito! Estamos do mesmo lado, ou pelo menos deveríamos! Um país justo se faz com uma democracia legítima e com um povo consciente dos seus direitos e deveres. Temos que protestar mesmo, mas também precisamos fazer a nossa parte. Bjs Adorei seu blog! Camila Vaz

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  3. É isso, Rosinha... As vezes o mais simples é o mais complicado de se alcançar... Beijo grande, minha querida e eterna amiga!

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  4. Rosa Paula, lembra que eu comentava do seu nome tão bonito?
    Continuo achando.
    E vc não estava numa cidade pequena, acho que em Goiás? Agora está em Portugal.
    Bom, melhor que aqui. Pelo menos é Europa.

    Quantos aos movimentos sociais, sou bem sincera. Não acredito neles.
    Porque eu não dou credibilidade ao povo daqui.
    O problema é o povo.
    E eu não gosto de povo. Gosto de gente.

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    1. Liliane, adorei essa diferenciação entre povo e gente. E acho que é sobre isso mesmo que o texto fala. Apesar de falar de uma manifestação popular, estou falando de gente e não de povo.

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  5. Amei a frase final do post, resume tudo!
    Fiquei feliz de ver as manifestações e a forma como a imensa maioria foi pacífica. Esperamos agora que tragam mudanças positivas!
    Beijo

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  6. Rosa o seu texto é emocionante no sentido em que apela às emoções. E eu emocionei-me com o seu apelo. Você está em Lisboa? Está assistindo de longe à convbulsão? Boa sorte, querida!
    Beijo

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  7. Sei que você está longe, mas não acredito que as pessoas queiram as mesmas coisas, só por um caminho diferente. O que é bom e justo para mim não é para eles. O que eles querem, eu acho absurdo e abusivo.
    A situação é muito mais complexa. Queremos dois destinos diferentes, porque nossa idéia de país ideal não é a mesma. São dois pontos de vista opostos, dois objetivos que não são compatíveis. Muitas idéias contrárias, das sociais às econômicas.
    O Brasil está rachado ao meio. Seu texto é lindo, porém fantasioso. Não queremos ir para a mesma direção, e este é exatamente o problema de tudo.

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  8. Belo texto, Rosa, mui sábia com as palavras!
    Também não me vejo de nenhum lado, a não ser do mesmo!
    Já perdemos a paciência, não é?
    Não gosto muito de política, mas é impossível ficarmos alheios a essa situação!

    Vamos ver no que vai dar...

    Grande bjo!
    Izabel Pariz Art Blog

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  9. Rosa Paula,

    Hoje mesmo disse praticamente o que você diz neste texto ao meu marido, rsrs. Falei isso porque, ao contrário da maioria das pessoas, tenho me abstido de comentar o atual momento. Acho que o nosso problema abrange mais do que o nicho político, e esta é a razão do meu posicionamento. Mas sei que é melhor que eu me expresse, para não passar por omissa. Então estou elaborando (mentalmente) a minha opinião, rsrs.

    Um beijo

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