28 março 2016

Inspiração para a semana - o que você faz?

Quando conhecemos alguém, após saber o seu nome, a pergunta inicial mais comum é : o que você faz? E nós, todos nós desse planetinha azul, fazemos muitas e muitas coisas, mas  não respondemos a esta pergunta dizendo que fazemos voluntariado aos sábados, ou que preparamos um peixe como a pessoa nunca viu, ou que cantamos em um coral, ou que frequentamos o templo budista, ou que corremos oito quilômetros todos os dias, ou que levamos jeito para organizar malas. Não. Nossa resposta vai girar em torno do trabalho, atendendo à necessidade tão humana de compartimentar para compreender. Assim, nos compartimentamos e nos oferecemos dentro dessa caixinha para o outro. 


E não há problema algum nisso, mas é curioso que esta seja atualmente a principal forma de nos projetar na sociedade. Eu tenho curiosidade de saber em que ponto da nossa história como humanidade nosso valor se associou tão intrinsecamente ao nosso trabalho. Será que na Idade Média a primeira pergunta quando se conhecia alguém era sobre o que ela fazia? Será que isso era o que identificava alguém? E eu quero enfatizar o "identificar" nessa história. Nossa identidade está tão intimamente ligada ao nosso trabalho que a maioria das pessoas reconhece um dia bom de acordo com um dia bom no trabalho, e pior - do meu humilde ponto de vista - identifica o seu valor como pessoa com o valor do seu trabalho ou com quão bem seu trabalho se desenvolve no momento. 

Apesar de termos racionalmente uma percepção de que somos muito mais do que o nosso trabalho, o fato é que muitas vezes permitimos que ele seja a medida do nosso valor pessoal. Então, quando o trabalho vai bem, quando as coisas acontecem, quando recebemos promoções, quando nosso negócio decola, nos sentimos bem-sucedidos não apenas em um nível profissional, mas também pessoal. Por outro lado, se as coisas não correm como gostaríamos no nosso emprego ou na nossa empresa parece que fracassamos como pessoas. E o detalhe mais importante é que na maioria das vezes nem nos damos conta disso, apenas nos deixamos levar por esse sentimento de não estar fazendo o suficiente, de não ser bom o suficiente. 



Esse não é um ciclo fácil de quebrar! Penso que é preciso que tenhamos lembretes em nossas vidas de que somos mais. O meu lembrete pode ser uma meditação diária, o seu pode ser o tricô, o da minha vizinha pode ser o sorriso da filha, o da sua pode ser a mãe doente. Lembretes de que somos de uma riqueza e de uma imensidade sem iguais. Lembretes de que todos nós temos algo de belo e de bom para oferecer, que é da nossa própria natureza, como um dom que pode e deve ser compartilhado em prol de tornar o mundo um lugar melhor. E o mundo se torna um lugar melhor por pessoas que realizam muito, mas, em sua maior parte, ele se torna melhor pela generosidade de formiguinhas, como eu você, sete bilhões delas, trabalhando muito além do escritório e descobrindo o real valor que há no outro. E em nós!

Um linda semana para você!   

10 comentários:

  1. É Rosa, você tem toda razão... enquanto eu lia me identificava muito com as pessoas que se definem pelo dia no trabalho.

    É estranho o que nos tornamos...Mas quebrar o ciclo é importante, e precisamos vigiar mais para não acharmos que somos um fracasso só porque algo no trabalho não saiu como o esperado. Profissão não nos define.

    :*

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  2. Lindo o post, tem toda razão, sempre que essa pergunta surge logo falamos sobre o nosso trabalho. Como a sociedade nos cobra!! Melhor seria saber como o outro faz no seu tempo livre, quais seus hobbys, seus gostos, suas habilidades. O que faz feliz!
    Beijos
    Adriana

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  3. Lindo post para inspirar a semana Rosa.. =)
    Bjs,

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  4. Rosa, mais uma vez um texto excelente e na hora certa!
    Eu e meu marido conversamos hoje mesmo sobre isso: atualmente a medida do sucesso da pessoas se baseia em quanto elas ganham... e não tem nada mais falso e cruel que isso!
    Beijo e boa semana!

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  5. Tem toda a razão Rosa! Nós somos muito mais do que a nossa profissão... Gostei de ler o seu texto!
    Beijinho e boa semana!

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  6. Amei o texto lindo e tão poderoso! Somos seres ricos em abundância e possibilidades :)
    Ahhh! E amei também a decor da Páscoa! :)))

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  7. É uma boa questão... Acho que, ocupando o trabalho uma tão grande percentagem de tempo na vida das pessoas, é normal que seja essa a pergunta que surge. De qualquer modo, acaba por estar um pouco relacionado com a identidade de cada um, porque é consequência dela (porque normalmente as pessoas escolhem cursos de acordo com os gostos) e/ou faz com que ela se manifeste (com desagrado ou entusiasmo em relação a determinadas tarefas). Além disso, é sempre bom perguntar algo em concreto, para não andar a falar de cozinhar peixe :P

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  8. Rosa,
    eu tenho uma neura com isso porque larguei a faculdade aos 23 pra formar uma família com meu marido, como já te contei e até hoje não arrumei minha vida profissional, ainda tive mais um filho, enfim...
    Aí essa é uma pergunta que me incomoda. Muitas vezes pra superar a vergonha de não ter uma profissão, eu falei e já preenchi formulários importantes dizendo que sou MAMA. Sim, sou mãe em tempo integral. É o que sempre digo.
    Um dia, quando meu filho estiver maiorzinho, eu vou poder me dedicar a essa profissão mas já parei mesmo pra pensar que a resposta do 'o que você faz?' vai muito além da formação profissional, do ganha-pão de cada um.
    Me confortou ler esse seu pensamento. Vou adotar essa sua resposta também.

    Beijos ♥

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  9. Texto perfeito, amei, Rosa!
    Sim, nós nos identificamos com títulos, com o trabalho e, invariavelmente, se o perdemos, nos perdemos!
    Ficamos sem saber o que responder: "O que fazemos?"
    Maravilhoso, Rosa! Obrigada!
    Abraços carinhosos
    Maria Teresa

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  10. É, Rosa, seu texto veio bem a calhar...Nosso ofício deveria ser apenas mais uma referência, não uma definição completa do que fazemos. E as pessoas que não gostam de seus trabalhos mas que possuem inúmeras habilidades? Pra se pensar muito a respeito! Beijo e ótimo domingo

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