06 abril 2016

Pare e respire #20 - encontros difíceis

Algumas pessoas que encontramos nessa vida irradiam luz e alegria ao primeiro olhar. Estar com elas é leve, é fácil, natural. Com outras o encontro parece que demora a acontecer e, como vivemos em um mundo imediato, um mundo em que tudo está ao alcance de um clique, o que fazer quando não se “clica” logo na primeira vez? Uma palavra dita no timing errado (ou mesmo não dita) pode mudar todas as nossas expectativas sobre o outro.

Às vezes não sabemos pontuar precisamente o porquê ou quando o incômodo apareceu, mas o interessante é refletir como isso diz muito mais de nós do que outro. Encontrar alguém que nos tira do sério ou que nos deixa desconfortáveis em algum nível pode se tornar uma grande fonte de aprendizado e desevolvimento. Em última instância, dar uma segunda chance a alguém que não gostamos pode significar dar uma segunda chance a nós mesmos, para partes nossas que ainda não compreendemos bem ou que temos dificuldade de lidar.
Claro que isso não significa incentivar aproximação com pessoas destrutivas que claramente são tóxicas para a nossa vida. Estou falando de coisas muito mais sutis, de sentimentos que muitas vezes não gostamos de ver em nós, mas que estão lá e que algumas pessoas fazem vir à tona com uma facilidade incrível! E então nos encontramos frente a frente com uma oportunidade única de autodesenvolvimento sem recorrer a terapia ou práticas espirituais. Uma porta de entrada que o nosso cotidiano nos dá para entendermos um pouco mais de nós e, de bônus, praticar as virtudes da generosidade e paciência.

Visto assim, cada encontro que temos nessa vida, por mais duro ou incômodo que seja, é um presente. Talvez esta seja uma perspectiva utópica – vamos combinar que é difícil encarar o colega de trabalho mal-humorado todos os dias como um presente - mas talvez seja a utopia que nos empurre a crescer, a acreditar que podemos evoluir sempre sem depender de tempo ou dinheiro, apenas existindo na nossa vida cotidiana da melhor maneira que conseguimos.     

10 comentários:

  1. Rosa,
    Tive esse encontro em meu trabalho, mas realmente, foi um processo de crescimento e de auto controle, foi um aprendizado mesmo. Belo texto. Raro acontecer de encontrar pessoas assim, mas penso que é um desafio a ser superado.

    Bjokas,
    Blog: DMulheres
    Instagram : @dmulheres

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  2. Olá, Rosa Paula,

    No que diz respeito ao relacionamento com pessoas, eu hoje acho que esta é uma 'arte' complexa, rsrs. Todos gostamos de 'dar de cara' com gente simpática, que nos põe à vontade logo no primeiro contato.
    No entanto, eu mesma já vivi experiências em que a pessoa acessível e simpática mostrou-se bem menos legal, em ocasiões em que as circunstâncias exigiram mais dela. E também já fui agradavelmente surpreendida, por pessoas em quem eu não punha muita fé, por elas serem mais fechadas ou mais, digamos, difíceis.
    Há, contudo, aquelas pessoas que são só desagradáveis (por alguma razão), e essas são um desafio à paciência da gente, a vontade que dá é mesmo de mandá-las à... pqp (hahahaha). Mas há muita sabedoria na frase que diz: "o que não te desafia não te transforma", então é melhor a gente tentar superar as situações desafiadoras com fleuma e graça.

    Um beijo

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  3. Rosa,

    Não me canso de ler os seus textos.

    Quem nunca passou por essas experiências, hein? Acho mesmo que devemos dar uma segunda chance e aprender a lidar com dificuldades.

    Em um caso extremo que eu tenho, e pessoa é realmente "tóxica", para usar a mesma palavra do texto. Mas, como o relacionamento é profissional, não tenho como me afastar definitivamente. Tenho tentado me controlar não importa como a pessoa aja, não importa o que a pessoa diga. Mas Deus, como é difícil! Estou longe de dizer que isso não me afeta mais, mas sei o quanto melhorei até agora.

    É claro que não é agradável, mas existe sim uma verdade nessa perspectiva que diz que toda dificuldade nos faz crescer!

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  4. É um ponto de vista muito positivo e interessante! É verdade que a evolução surge do desconforto, então porque não considerá-lo? :)

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  5. Rosa,
    Primeiro: amo textão de reflexão, amo de verdade, acho que esta fazendo falta isso, com o crescimento das redes sociais imediatistas as pessoas estão escrevendo menos, lendo (alguns) menos e assim vai.

    Bem, sobre o post: concordo plenamente com você, eu me policio muito em relação a certas pessoas, as vezes nem me fizeram nada e o santo não bate, aí penso, deve ser comigo o problema e tento ver o que me desagrada ne pessoa e porque, muitas fezes é implicância minha.
    Demorei horrores a admitir, perceber isso, hoje tem sido bem mais fácil. Compreende que o fato de eu não gostar de uma certa atitude não quer dizer que ninguém possa faze-la, meio que "o problema é meu" rsrsr
    Claro que evito as pessoas tóxicas como vc descreveu, tem gente que nem faz por maldade, mas emana uma aura negativa.

    Bl

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  6. Lidar com pessoas com as quais não combinamos, é realmente uma grande fonte de aprendizado.
    Sabe, Rosa, em meu trabalho sempre lidei com público, aprendi, desde pequena a tratar bem a todos. Sempre tive muita paciência, porque sei que algumas pessoas não têm com quem desabafar e, se confiam em nós, procuro ouvi-las.
    Pessoas mal humoradas, certa vez ouvi, que estão cheias de fezes - enfezadas, quem sabe um bom purgante as livre desse incômodo!
    Amo seus textos, Rosa, excelente semana, abraços carinhosos
    Maria Teresa

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  7. Mais do que aceitar o outro é respeitar o seu jeito...aprender a achar algo bom. É exercitar a paciência e a sabedoria de lidar com aquela pessoa "difícil". E espero que a recíproca seja verdadeira. Por que eu também não sou perfeita, mas a verdadeira amizade reconhece as belezas e os defeitos e separa com sutileza uma coisa da outra. Bjs

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  8. Eu terminei uma amizade dessa forma esse ano.
    Me culpei inúmeras vezes. Me chamei de egoísta e impaciente. Mas no decorrer desses anos me ficou claro que eu fazia tudo mais por ela do que por mim.
    Me perdoei porque estou mais leve. E tive a mesma percepção que você: não teria sido melhor não ter acontecido isso.
    Eu gostei de aprender com isso. Acho que foi importante e me conheci até melhor ali, passei a lidar melhor com isso.
    Seus textos cabem sempre em alguma situação da minha vida, sem você sequer saber o que diabos o que está acontecendo comigo! Hahaha.
    Impressionante, Rosa!

    Beijão e muita inspiração.
    Lindas imagens! ♥

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