Debaixo d'água tudo era mais bonito
Mais azul, mais colorido
Só faltava respirar
Mas tinha que respirar
Todo dia
Mais azul, mais colorido
Só faltava respirar
Mas tinha que respirar
Todo dia
Tenho ouvido muito a música Debaixo d’água (de
Arnaldo Antunes na voz inigualável de Maria Bethânia) em vídeos de partos que
acompanho. A letra realmente casa perfeitamente com esse momento do nascimento,
com um bebê que sai da barriga da mãe e vem respirar aqui nesse mundo. Ela me
faz pensar no bebê no ventre da mãe, em perfeita harmonia, em condições ótimas
de temperatura e pressão, crescendo e se nutrindo sem ter que passar por
nenhuma necessidade. Me faz pensar que nenhum ser em sã consciência desejaria
sair daquele conforto eterno para enfrentar o mundo aqui fora, mas é isso que
acontece, e é o que precisa acontecer, pois a partir de um dado momento esse
espaço já não será tão confortável assim, podendo até se tornar prejudicial.
Mas
também me faz pensar na trajetória de todos nós, adultos que habitam esse
planeta em que é preciso respirar. Todos nós tivemos nossa cota de decepções,
frustrações e traumas em maior ou menos grau. E todos tivemos que nos adaptar,
utilizar recursos que nos fizessem ultrapassar essas questões para que estivéssemos
aqui hoje. Nos adaptamos e criamos ferramentas que serviram a essa adaptação.
Parabéns! Essa é a história de um vencedor! O problema começa quando continuamos
fazendo uso desses recursos quando já não precisamos deles. Já não é necessário
se proteger, se fechar, parecer forte, mas é assim que continuamos a nos
comportar como se essa fosse a única forma possível de sobreviver.
Fazemos isso porque essa situação traz
conforto. Por mais difícil que seja, ela já é conhecida, familiar e nos dá
segurança. A segurança do mundinho que criamos é maravilhosa. Lá
é lindo, eu conheço tudo, eu criei tudo! Mas eu tenho que respirar. Todo dia.
Se não fizer isso, meu mundinho lindo vai começar a me sufocar. Então, preciso dar
espaço para o novo, olhar ao redor, encontrar pessoas, conhecer lugares, correr
riscos... viver!
Mas a vida nesse
planeta em que precisamos respirar não favorece nada disso. Ela nos diz que o
normal é correr do trabalho para casa e de casa para o trabalho. Ela nos diz que
natural é dedicar muito tempo a ganhar dinheiro e pouco tempo cuidando de nós
mesmos. Ela nos diz que o usual é não ter mais tempo para os amigos após uma
certa idade. Até o dia em que percebemos que nesse mundinho que funciona tão
bem não conseguimos respirar.
Fotos: Alicia Bock
Oi seja Rosa, VIVER com toda intensidade da palavra, com todo seu sentido...
ResponderExcluirSobre as obrigações da vida, ontem minha diarista disse que na quinta-feira ficou na cama o dia inteiro. Pois estava frio, ela estava com preguicinha e teve tempo.
Eu disse, isso mesmo! Quem falou que não podemos ter um tempo pra gente? Quem falou que a vida é só trabalhar. O nosso tempo e´a gente que faz e do jeito que a gente quer...
E eu falo sempre Rosa, que seja do jeito que a gente gosta de viver, mas com honestidade, simpatia, amor, delicadeza, transparência...
Que Assim Seja!
Bethânia é ótima né?
Um beijo querida!